Seminário Estadual sobre Sistemas Agrícolas Tradicionais dos Potreiros

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Seminário Estadual sobre Sistemas Agrícolas Tradicionais dos Potreiros

O Seminário realizado no dia 2 de março de 2023, em Vacaria/RS, reuniu 83 pessoas, entre agricultores, técnicos de entidades de assessoramento em agroecologia, representantes do poder público e de organizações de famílias agricultoras, além de professores universitários e acadêmicos. A conservação ambiental pelo uso, garantindo renda para as famílias e produzindo alimentos saudáveis, especialmente através do manejo dos sistemas agrícolas tradicionais dos potreiros foi o tema debatido.

A mesa de abertura do seminário contou com representantes do CETAP, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura do RS (SEMA/RS), da Embrapa Clima Temperado, da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas do RS, Gabinete da Deputada Federal Maria do Rosário, Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Muito Capões/RS e Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Assalariados de Vacaria/RS. Foi destacado que os potreiros são espaços altamente produtivos e também são constitutivos de uma paisagem importante para nossa região. É importante divulgar suas potencialidades e seus usos para que aumente o interesse em manter estes espaços biodiversos. Os participantes também ressaltaram o ineditismo deste encontro, que deu protagonismo ao tema dos potreiros, relacionando-o com diferentes aspectos da conservação ambiental e da produção agrícola.

Na sequência aconteceu um debate com a participação de convidados que ajudaram a aprofundar o tema. Neste momento foi aberto para comentários e questionamentos, ampliando os pontos de vista e abordagens sobre os potreiros como um sistema de produção de alta relevância. O debate apontou que, além do suprimento de elementos de uso do dia-a-dia na propriedade rural, os potreiros têm um espaço de representação lúdica, especialmente para quem tem origem no meio rural. A paisagem é elemento importante para construir nossa identidade cultural.

Ao longo das últimas décadas, as paisagens da área rural foram sendo modificadas e transformadas em lavouras, principalmente de soja. Os campos foram dessecados por herbicidas e a monocultura passou a dominar muitos lugares. É importante reconhecer que os ambientes de potreiros, por ter seu uso cotidiano ao longo dos anos, acaba não sendo valorizado para conservação ambiental. É essencial dar visibilidade para o potencial ambiental e econômico dos potreiros, pois em muitos lugares existe um preconceito em relação a estes espaços, que por vezes são vistos como áreas onde não foi possível ou não houve interesse em implementar culturas agrícolas convencionais.

O espaço dos potreiros é naturalmente um espaço muito diverso, mas temos o desafio de identificar as potencialidades de geração de renda, além das funções de uso tradicionais, como madeira para palanques, postes, lenha, plantas medicinais, frutas, pinhão, erva-mate, mel, entre tantos outros. Precisamos pensar também nas pessoas que vão construir estes espaços: agricultores e estudantes que estão se preparando para atuar no planejamento e na assessoria da produção agrícola. A academia pode se aproximar dos agricultores e de outras organizações que atuam na assessoria e acompanhamento das propriedades rurais, numa relação de aprendizado mútuo.

Também foram apresentadas as experiências das oito unidades de referência em Sistemas Agrícolas Tradicionais dos Potreiros, num projeto executado pelo CETAP nas regiões norte e nordeste do Rio Grande do Sul, em parceria com a SEMA/RS e a RGE. Sistemas com maior resiliência às mudanças climáticas, como os potreiros e as agroflorestas, exigem menos intervenção de produtos e estruturas para manter a produção, sendo importantes para a agroecologia.

Aliar os aspectos da produção de alimentos saudáveis, da conservação ambiental e da geração de renda, com o protagonismo social dos atores envolvidos, é a base para o trabalho a ser desenvolvido para a valorização da sociobiodiversidade, especialmente fruto das agroflorestas e dos potreiros.

Identificar as espécies presentes em cada região é importante para poder avaliar o potencial de uso e geração de renda e avançar em novas possibilidades. Isso também ajuda a incentivar boas práticas de manejo dos potreiros, com técnicas adequadas para conservação e aumento da produtividade. Este trabalho pode possibilitar uma maior integração entre a academia, órgãos públicos, entidades de assessoria e extensão rural, associações, cooperativas e associações de famílias agricultoras.


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