No dia 15 de março de 2025, agricultores, agricultoras, estudantes e pessoas envolvidas com agricultura urbana participaram de um intercâmbio para a 8ª Feira de Sementes Crioulas, realizada no município de Seberi/RS, junto à sede da Cooperbio. A iniciativa foi organizada pelo Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP) e teve como objetivo fortalecer a troca de conhecimentos e a valorização das sementes crioulas.
A feira é um evento tradicional, promovido pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) em parceria com outros movimentos sociais da Via Campesina, reunindo produtores, pesquisadores e apoiadores da agroecologia.
Troca de conhecimentos e valorização das sementes crioulas
Pela manhã, os participantes acompanharam um seminário no palco central, onde foi discutida a importância das sementes crioulas e o papel da agricultura camponesa diante dos desafios da atualidade. O debate destacou a necessidade de preservação da biodiversidade e do fortalecimento da produção agroecológica.
À tarde, ocorreu a partilha e troca de sementes crioulas, acompanhada de um ato ecumênico de consagração e bênção das sementes, reforçando sua importância para a soberania alimentar e a resistência dos agricultores familiares. Ao longo de todo o dia, aconteceu também a feira permanente das sementes crioulas e produtos da sociobiodiversidade, onde agricultores e associações expuseram materiais para trocas e comercialização.
A abertura oficial da colheita da pitaya e o lançamento do chopp artesanal da fruta destacaram a valorização da agricultura familiar e a inovação na produção de alimentos. O evento aconteceu no dia 14 de março de 2025, na propriedade da família Cavalli, localizada na zona rural do município de Itatiba do Sul/RS.
A atividade reuniu diversas lideranças locais, incluindo o prefeito Valdemar Cibulski, vereadores, representantes das instituições financeiras Cresol e Banrisul, equipes técnicas do CETAP e da Emater, professores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus de Erechim, além de convidados da comunidade local.
História e inovação na produção de pitaya
A atividade teve início com um resgate histórico sobre o cultivo da pitaya na região e os desafios da diversificação agrícola, especialmente na ampliação da produção de alimentos e na agregação de valor aos produtos da agricultura familiar. José Cavalli, responsável pela produção na propriedade, destacou que sua família cultiva alimentos agroecológicos há muitos anos, mas o investimento na pitaya exigiu um aprofundamento técnico. Ele buscou capacitação por meio de um curso de especialização na UFFS, que forneceu conhecimentos sobre o cultivo, as particularidades da fruta e sua viabilidade econômica.
O prefeito Valdemar Cibulski enfatizou a importância da inovação e da persistência das famílias agricultoras. Polaco, como é conhecido, destacou a trajetória de Cavalli, que é membro do Sindicato Unificado dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Alto Uruguai – SUTRAF-AU, e decidiu retornar à produção agrícola apostando no potencial da agricultura familiar e na agregação de valor por meio da inovação no campo.
Lideranças presentes reforçaram a relevância do cultivo agroecológico e o papel de instituições financeiras e de assistência técnica no fortalecimento da produção. Atualmente, a família Cavalli cultiva a pitaya em uma área de 0,6 hectares, com produtividade crescente. Um dos diferenciais do manejo adotado é a polinização manual da fruta, realizada à noite, garantindo melhor qualidade e sabor. A expectativa é expandir a área plantada para 1 hectare nos próximos dois anos.
Lançamento do Chopp de Pitaya e novos produtos
Um dos destaques do evento foi o lançamento do Chopp de Pitaya, desenvolvido em parceria com a Cervejaria Ágape, de Erechim/RS. O produto, que passou por meses de desenvolvimento, agora está pronto para produção em maior escala. Com a colheita da fruta iniciada, a previsão é que o chopp esteja envasado e disponível para comercialização em até 60 dias.
Valmor Bandiera, cervejeiro responsável, ressaltou que a cor vibrante do chopp é um dos seus grandes diferenciais, resultado do uso exclusivo de pitayas vermelhas. Além disso, revelou que outros produtos estão em fase de desenvolvimento, como um espumante e um energético à base da fruta.
Desafios e perspectivas
Apesar do entusiasmo com a produção e a diversificação de produtos, um dos desafios apontados é a ampliação dos canais de comercialização. Atualmente, a maior parte da produção é vendida no próprio município e em cidades vizinhas. Para expandir a área cultivada e aumentar o volume de produção, será necessário conquistar novos mercados e fortalecer a distribuição.
O evento reforçou o potencial da pitaya como uma alternativa promissora para a agricultura familiar e destacou a importância da inovação e do apoio técnico na geração de novas oportunidades para os produtores rurais da região.
As visitas de renovação da certificação orgânica no Núcleo Planalto da Rede Ecovida de Agroecologia seguem em andamento, mas diversos grupos já participaram das atividades nos meses de janeiro e fevereiro. A atividade envolveu famílias agricultoras de diversos municípios da região norte do Rio Grande do Sul, incluindo Sananduva, São João da Urtiga, São Domingos do Sul, Santo Antônio do Palma, Água Santa, Centenário, Tapera, Guaporé, Vista Alegre do Prata, Dois Lajeados, Ilópolis, Arvorezinha e Passo Fundo.
O processo faz parte do Sistema Participativo de Garantia (SPG), modelo de certificação orgânica que se baseia na responsabilidade coletiva dos participantes, incluindo agricultores, técnicos, consumidores e demais interessados. A verificação é realizada por meio das visitas de olhar externo, conduzidas pela comissão de ética do Núcleo Planalto. Essa comissão é composta por representantes dos diferentes grupos de agricultores, escolhidos em reunião plenária, e conta com o acompanhamento técnico do CETAP (Centro de Tecnologias Alternativas Populares), organização que presta assessoria aos grupos na região.
As visitas têm um papel essencial no processo de certificação da Rede Ecovida, pois garantem que as unidades produtivas sigam os critérios estabelecidos pela legislação e pelas diretrizes da Rede. Além da verificação da conformidade orgânica, esses encontros também promovem o intercâmbio de experiências entre os agricultores, fortalecendo o aprimoramento das práticas de manejo agroecológico e contribuindo para a melhoria contínua dos sistemas produtivos. A certificação participativa reforça o compromisso das famílias agricultoras com a produção agroecológica, garantindo alimentos livres de agrotóxicos e cultivados de forma sustentável.
Estão abertas as inscrições para o curso de Homeopatia na Agricultura e Ambiente – Turma 2025. O curso é gratuito e terá carga horária total de 160 horas, com certificado de extensão emitido pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Serão realizados estudos de caso em plantas, animais ou ambientes agrícolas.
A capacitação é promovida pelo CETAP, CAPA, Cresol, Emater, Sutraf-AU, MAB e UFFS. Os participantes devem ter algum vínculo ou ser indicado por uma destas entidades. A inscrição pode ser feita no formulário online disponível aqui.
Serão 15 encontros presenciais, realizados de março a novembro deste ano, na UFFS, Campus de Erechim. O primeiro encontro será́ realizado no dia 20 de março (quinta-feira), das 8h30 às 17h. A aula inaugural é aberta ao público, e contará com a palestrante Carmem Zanella (Emater-RS/ASCAR).
Cronograma das aulas
DATA
CONTEÚDO
PALESTRANTE
1
20/03/2025 (Quinta-feira)
– Abertura, apresentação do curso e metodologia de trabalho. – Aplicações práticas da homeopatia na agricultura.
Carmem Zanella
2
09/04/2025 (Quarta-feira)
História da homeopatia e de Hahnemann. Filosofia, ciência e arte de cura da homeopatia.
Alexandre Mendonça
3
29/04/2025 (Terça-feira)
Organon. Os princípios e pilares da homeopatia. Similimum. Matérias médicas.
Alexandre Mendonça
4
14/05/2025 (Quarta-feira)
Escolas de homeopatia. Homeopatia e a relação com outras formas terapêuticas. Matérias médicas.
Alexandre Mendonça
5
06/06/2025 (Sexta-feira)
Farmacotécnica homeopática.
Lilian Scoteski Carniatto
6
24/06/2025 (Terça-feira)
Teoria miasmática e doenças crônicas. Vitalismo. Anamnese e repertorização. Matérias médicas.
Alexandre Mendonça
7
16/07/2025 (Quarta-feira)
Hierarquização de sintomas. Adoecimento e cura. Agravação e 2ª consulta. Matérias médicas.
Alexandre Mendonça
8
14/08/2025 (Quinta-feira)
Homeopatia aplicada aos animais. Matérias médicas.
Alexandre Mendonça
9
26/08/2025 (Terça-feira)
Radiestesia para a agricultura e ambiente.
André Baldissera, Cris Schenatto, Martin Witter
10
10/09/2025 (Quarta-feira)
Homeopatia aplicada aos animais. Matérias médicas.
Ricardo Lopes Machado
11
25/09/2025 (Quinta-feira)
Homeopatia aplicada às plantas. Matérias médicas.
Vitor Hollas
12
08/10/2025 (Quarta-feira)
Homeopatia aplicada às plantas. Matérias médicas.
Tarita Deboni
13
30/10/2025 (Quinta-feira)
Homeopatia aplicada ao ambiente. Matérias médicas.
Nos dias 15 e 16 de fevereiro, um grupo de jovens agricultores participou de um intercâmbio voltado à troca de experiências em agroecologia nas regiões de atuação do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP). A atividade foi promovida pelo projeto “Agroecologia: Construindo Caminhos na América Latina”, uma iniciativa desenvolvida através da cooperação internacional, envolvendo famílias agricultoras de cinco países latino-americanos. O Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (CEPAGRO), de Florianópolis/SC, e o CETAP são organizações de assessoria que integram esta iniciativa.
O grupo, composto por jovens agricultores bolsistas do projeto e assessores técnicos das organizações, visitou diversas iniciativas de produção agroecológica na região norte do Rio Grande do Sul. No dia 15, a programação ocorreu no município de Aratiba/RS, onde os participantes conheceram um sistema agroflorestal de produção orgânica e o trabalho de viveirismo artesanal na reprodução da biodiversidade nativa. No período da tarde, o foco foi a criação de abelhas nativas sem ferrão, com visitas a dois meliponários. Os jovens puderam acompanhar, na prática, a transferência de ninhos de iscas para caixas racionais e a multiplicação de discos.
Já no dia 16, a visita foi ao empreendimento Encontro de Sabores, em Passo Fundo/RS. O grupo conheceu de perto a experiência da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas, iniciativa que viabiliza o processamento e a comercialização de produtos da sociobiodiversidade nativa do Rio Grande do Sul. Também puderam conversar sobre o incentivo e acompanhamento técnico ao cultivo de frutas nativas e como se dá o processo de coleta, armazenamento e beneficiamento das polpas e outros produtos, como farinhas e panificados. Também foi abordado o fornecimento de produtos em diferentes dinâmicas de comercialização e as rotas logísticas nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
O intercâmbio proporcionou aos participantes uma vivência prática, o debate sobre diferentes possibilidades de conservação ambiental e geração de renda e a imersão em sistemas sustentáveis de produção, reforçando a importância da agroecologia para a preservação da biodiversidade e o fortalecimento da agricultura familiar.
A sede do CETAP, em Passo Fundo, recebeu a visita de um grupo de 15 estudantes do curso de graduação em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), no dia 10 de dezembro de 2024. Acompanhados pelo coordenador do curso, professor Dirceu Basso, os alunos, provenientes de diferentes países da América Latina e do Caribe, conheceram as iniciativas e os desafios da agroecologia na região.
O grupo, composto por jovens do Brasil, Paraguai, Peru, Colômbia, Haiti e Honduras, incluiu o CETAP em sua agenda de Visitas Curriculares realizadas no Sul do Brasil. A iniciativa teve como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o histórico e as ações desenvolvidas pela instituição, que é referência na promoção da agroecologia.
Os estudantes foram recebidos por Edson Klein, coordenador executivo do CETAP, que fez uma apresentação destacando os marcos históricos, os principais públicos atendidos e as áreas de atuação da organização. Durante o encontro, houve uma troca de ideias sobre os desafios enfrentados pela agroecologia no Brasil e as demandas específicas para profissionais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) na promoção desse modelo de produção.
“Tenho o Cetap como uma referência de organização de apoio aos movimentos sociais rurais e à promoção da agroecologia na metade norte do Rio Grande do Sul”, destacou o professor Dirceu Basso, coordenador do curso de graduação em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da Unila, sediada em Foz do Iguaçu/PR.
Nos dias 4 e 5 de dezembro de 2024, na Estação Três Arroios da ECOTERRA, foi realizada uma reunião do Circuito de Alimentos Agroecológicos, que reuniu 14 agricultoras e agricultores representantes das estações que integram a ECOTERRA.
O evento teve como principal objetivo avaliar as atividades realizadas em 2024 e fazer o planejamento para 2025, a partir das ações do Projeto Circuito de Produtos Agroecológicos do Brasil, uma parceria entre a Associação Regional de Cooperação e Agroecologia (ECOTERRA) e a Fundação Banco do Brasil (FBB).
Durante o encontro, cada estação apresentou um panorama das ações desenvolvidas ao longo do ano, destacando avanços e dificuldades, além de projeções para o próximo período. Após as apresentações, o grupo debateu os principais entraves e dificuldades no trabalho realizado ao longo deste ano e possibilidades de melhorias. Entre os pontos discutidos e acordados no encontro estiveram encaminhamentos sobre o andamento das atividades na Estação Curitiba-PR e ajustes nas rotas de circulação, armazenamento e entrega de produtos.
Além disso, foram definidas ações de incidência política a serem implementadas em 2025 e discutido o planejamento da produção de alimentos em todas as estações do Circuito para o próximo ano. Também ficaram marcadas as duas próximas atividades envolvendo o coletivo das estações: uma reunião em 17 de janeiro de 2025, na Estação São Marcos/RS, e um encontro de divulgação das ações realizadas no projeto de parceria com a FBB, programado para 21 de fevereiro de 2025, novamente na sede da ECOTERRA, na Estação Três Arroios/RS.
Sobre o Circuito de Alimentos Agroecológicos
O Circuito de Alimentos Agroecológicos do Brasil é uma iniciativa que busca fortalecer a produção e comercialização de alimentos orgânicos, produzidos de forma agroecológica, promovendo a agricultura familiar e a sustentabilidade.
A parceria entre a ECOTERRA e a FBB tem sido importante para a ampliação da produção e do acesso a estes alimentos, envolvendo diferentes estações de produção e comercialização de produtos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP) é a organização responsável pelo acompanhamento técnico na produção dos alimentos e contribui na coordenação do projeto de parceria.
O projeto Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos anuncia a publicação de seu mais recente Relatório de Indicadores Agroecológicos, com dados coletados entre julho de 2023 e junho de 2024. Esta é a quarta edição do relatório, elaborado de forma colaborativa por 10 organizações sociais de sete países latino-americanos, em parceria com a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) e 313 famílias agricultoras.
A publicação traz uma análise abrangente de 11 indicadores agroecológicos, cobrindo aspectos sociais, econômicos e ambientais da agricultura agroecológica. Os dados, coletados em colaboração com agricultores e agricultoras a partir de cadernos de campo e ferramentas digitais como o LiteFarm e o SurveyStack, foram sistematizados para oferecer uma visão abrangente da realidade da agricultura agroecológica no Brasil, Paraguai, Equador, Colômbia, Guatemala, El Salvador e México.
O relatório aborda temas como agrobiodiversidade, adoção de práticas agroecológicas, sustentabilidade econômica, formas de comercialização e relação com consumidores. Também explora questões de gênero e geração, além de refletir sobre os desafios e soluções para promover a permanência da juventude no campo e fortalecer os mercados agroecológicos.
Com essa iniciativa, buscamos contribuir com a construção de conhecimento agroecológico e incidir na formulação de políticas públicas e projetos que promovam as transições agroecológicas e apoiem agricultores/as familiares na gestão de suas unidades agrícolas a partir de informações claras, consistentes e evidenciadas.
Cerca de 75 agricultoras e agricultores da Rede Ecovida de Agroecologia se reuniram no Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Passo Fundo/RS, no dia 1º de dezembro de 2024, para a segunda Plenária do Núcleo Planalto em 2024. O evento, que contou com a participação da equipe técnica do CETAP, foi marcado por atividades de formação, organização interna e troca de experiências.
Com o tema “Sistemas Regenerativos na Prática”, a bióloga e agrofloresteira Mirian Fabiane Dickel apresentou os benefícios da adoção de práticas que promovem a saúde do solo, a biodiversidade e a resiliência dos sistemas produtivos, especialmente diante das mudanças climáticas. A partir de uma retrospectiva de como se organizavam e ainda se organizam algumas sociedades da América Latina, em relação ao cultivo da terra, a palestrante abordou princípios e técnicas que podem ser aplicadas nas propriedades das famílias agricultoras.
Na sequência, os participantes realizaram uma visita à horta do santuário, onde puderam observar na prática os conceitos discutidos e identificar oportunidades de melhoria. Um experimento com água oxigenada, a partir da coleta de amostras de solo em três pontos da horta, demonstrou a importância da cobertura do solo para a vida microbiana, fundamental para a fertilidade e a saúde do ecossistema.
O almoço, preparado com alimentos orgânicos, locais e sazonais pelo Coletivo Flor de Pitanga, de Itatiba do Sul/RS, foi um momento de confraternização e valorização da produção agroecológica. A tradicional Feira do Núcleo, realizada após o almoço, proporcionou aos participantes a oportunidade de conhecer os produtos dos demais integrantes da rede, além de trocar sementes e bioinsumos. No turno da tarde, foram discutidas questões organizacionais do núcleo, como o cronograma das visitas da comissão de olhar externo para 2025, que garantem a certificação orgânica para as famílias agricultoras na região.
Dando sequência aos encontros regionais sobre abelhas nativas, já tradicionais na Região Alto Uruguai gaúcha, no dia 30 de novembro, estiveram reunidos na Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Campus Erechim, em torno de 100 pessoas, entre meliponicultores da região, pesquisadores, estudantes e técnicos da área.
O encontro buscou promover a troca de experiências e o aprimoramento de técnicas de manejo de abelhas nativas, reunindo criadores de abelhas que estão iniciando na meliponicultura e também pessoas com grande experiência no manejo e na viabilização econômica desta atividade. Além de dar grande destaque para o diálogo sobre boas práticas no manejo das colmeias e produção de mel, este encontro também apresentou possibilidades de melhorar a viabilidade econômica, com diferentes experiências de empreendedorismo na meliponicultura, agroindústria e legalização do processamento.
O encontro teve três painéis temáticos. O 1º Painel foi conduzido por Marlon Tiago Hladczud, com o tema: “Boas práticas na produção, colheita, armazenamento e comércio dos meles de ANSF”. Marlon é Técnico em Agropecuária e reside em Prudentópolis/PR, também é Técnico em Meio Ambiente, extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR PR), apicultor e meliponicultor com mais de 20 anos de experiência.
Marlon comentou que no mundo existem em torno de 20.000 espécies de abelhas, sendo que aproximadamente 800 são sociais e mais de 400 delas estão no Brasil. “Apenas uma delas possui ferrão, as outras são todas conhecidas como abelhas nativas ou indígenas, com fácil manejo e mel muito valorizado. Abelhas produzem mel, pólen, própolis, geleia real entre outros derivados e o principal produto delas é a polinização. A criação de abelhas não ocupa muito espaço de terra para ser implantada, além de poder ser consorciada com diversas culturas, trazendo melhorias na produção onde elas estão presentes. Além disso, a presença de abelhas é extremamente importante, pois 80% da vegetação do planeta depende de abelhas para se reproduzirem”, destacou Marlon.
Também foi ressaltado que o mel é um produto nobre e oneroso para as abelhas, então quem cria abelhas deve ter os cuidados necessários para potencializar a colheita, evitar contaminações para manter a alta qualidade deste produto e não desperdiçar, já que os volumes são muitas vezes pequenos, proporcionais ao tamanho das abelhas nativas. Outro aspecto abordado foi o envase, a apresentação das embalagens, o armazenamento e alguns processos de maturação e pasteurização, visando a comercialização e o transporte para locais mais distantes.
O 2º Painel foi conduzido por Thiandra Sangaletti, com o tema “Empreendedorismo na meliponicultora”. Thiandra é Bióloga, pós graduada em Biologia da Conservação da Natureza, com formação em meliponicultura profissional e produz cosméticos naturais e produtos de cuidado com a saúde, sendo proprietária do Meliponário Rainha do Sul.
Em sua apresentação, Thiandra comentou que a meliponicultura é uma atividade terapêutica, saudável e sustentável. Mas, além de ser uma atividade prazerosa e, muitas vezes, estar mais ligada a um hobby, ela pode vir a se tornar uma atividade rentável, transformando-se em uma fonte de renda para o meliponicultor. Ela apresentou diferentes possibilidades de prestação de serviço, produção e comercialização de produtos ligados à meliponicultura.
Alguns dos aspectos importantes do empreendedorismo que foram abordados foram a visão de negócio e inovação no seu segmento, também a importância do planejamento estratégico e de uma gestão eficiente, além da capacitação em marketing e elaboração de estratégias de vendas, sempre mantendo a resiliência e a capacidade de adaptação.
O 3º Painel contou com a apresentação de Carlos Angonese, com o tema “Agroindústria e legalização do processamento”. Carlos é Extensionista da Emater/RS e atua há muitos anos na assessoria para projetos de instalação de unidades de produção de famílias rurais, grupos e municípios. Ele destacou o grande crescimento desta atividade nos últimos anos, fazendo com que a meliponicultora ganhe mais visibilidade na produção de mel.
Angonese falou sobre boas práticas e procedimentos no manejo e colheita, necessários para manter as características originais do mel. Instalações com condições de garantir a qualidade sanitária do produto, com paredes, pisos, tetos, equipamentos e secções exigidas, que facilitem a higienização do ambiente, considerando a recepção, manipulação, envase e expedição. Foram abordados também equipamentos, ferramentas e vestimentas adequadas, além de informações sobre os serviços de inspeção e certificações municipais, estaduais e federal (SIM, SIE e SIF).
Na sequência, os participantes do encontro se dividiram em três grupos. O primeiro realizou uma roda de conversa sobre pasto apícola, aprofundando formas de alimentação complementar para os enxames e trocando experiências sobre o manejo de ANSF.
Os outros dois grupos participaram de oficinas. Uma sobre saboaria artesanal e produção de produtos como cosméticos naturais e de cuidados com a saúde com a utilização de insumos das colmeias (cerúmen, mel, pólen e própolis). E outra oficina que realizou a transferência de um enxame de uma isca para uma caixa racional e também a multiplicação, quando os discos de cria maduros são divididos em duas caixas para ampliar o número de enxames.
O encerramento da atividade foi com um coquetel preparado pelo empreendimento urbano Encontro de Sabores, de Passo Fundo/RS, que integra a Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas. Foram preparados diferentes pratos com produtos da biodiversidade nativa gaúcha, como pastel de frango com butiá, croquete, pão e bolacha de pinhão, geleias com mel de abelha jataí, pesto de pinhão, e outros produtos com polpas de frutas nativas, além de suco de butiá e de jabuticaba. Esta atividade contou com o apoio de um projeto de parceria entre o CETAP, a SEMA/RS e a empresa RGE.