Cuidado com a saúde e impactos das chuvas na produção agroecológica
Temas foram debatidos na Plenária do Núcleo Planalto RS da Rede Ecovida de Agroecologia
A plenária do Núcleo Planalto RS da Rede Ecovida de Agroecologia, realizada dia 16 de junho, em Passo Fundo/RS, reuniu 70 pessoas, representantes dos grupos de agroecologia da região. Foi um dia de formação e encaminhamentos sobre a organização do núcleo. Neste momento tão desafiador para a população do Rio Grande do Sul, o encontro iniciou com uma mística que motivou a pensar sobre a importância da união, da diversidade e da força que o coletivo possui para superar ameaças e dificuldades, fazendo um paralelo entre nossas vidas e a biodiversidade das florestas.
Durante a manhã, com a assessoria de Doriana Gozzi Miotto, foi abordado o tema do autocuidado e das Práticas Integrativas e Complementares. Doriana é técnica da Emater-RS e trabalha com diferentes tipos de terapias. Ela falou sobre o uso da homeopatia, aromaterapia, óleos essenciais, entre outros temas. “As plantas medicinais ajudam a cuidar das pessoas há muitos anos, unindo tradição e ciência. No Brasil, registros da época da chegada dos primeiros médicos portugueses já descreviam produtos medicinais utilizados pelos índios. A Política Nacional das PICS – Práticas Integrativas e Complementares, completou 18 anos, buscando promover a saúde de forma ampla e integral, considerando aspectos físicos, mentais, emocionais, espirituais e sociais”, explicou Doriana.
Entre as sugestões para praticar o autocuidado emocional estão uma boa noite de sono, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a prática regular de atividades físicas, o autoconhecimento, a inteligência emocional, o cuidado dos seus relacionamentos, eliminando a positividade tóxica e evitando excesso de redes sociais. Também foi conversado sobre a necessidade de saber dizer não para algumas coisas que não conseguimos dar conta, aprendendo a respeitar nossos limites, de forma consciente e com compreensão sobre nossas motivações e razões para isso. O fechamento desta temática foi com um exercício sobre a importância de se observar e se conhecer, sabendo quando é necessário pedir ajuda, sendo grato pelo que recebemos de bom, buscando e renovando nossos sonhos e conhecendo nossas fortalezas.
Na sequência foi apresentada a Campanha “Semeando Saúde: Agroecologia e Alimentação Solidária”, promovida pelo Projeto Consumidores e Agricultores em Rede, que une quatro organizações do sul do Brasil: AS-PTA, Centro Vianei, Cepagro e CETAP. Buscando oferecer uma resposta coletiva a problemas coletivos, o projeto criou redes de apoio para estimular a produção agroecológica, garantir o abastecimento das populações urbanas com alimentos saudáveis e combater a fome. Ao longo dos últimos anos, o projeto que conta com o apoio da Misereor, desenvolveu várias ações para o fortalecimento das relações entre consumidores e agricultores na região sul.
A campanha, neste momento tão emblemático para os gaúchos, reforça a necessidade de redes de articulação entre as famílias agricultoras e a população que reside nas áreas urbanas, como forma de fortalecer a agroecologia e combater a fome. Além da sua importância na mitigação dos efeitos da crise climática, tão vivenciados neste último período, a produção agroecológica vem desempenhando um papel muito relevante no abastecimento de alimentos de qualidade para a população brasileira. Fruto deste projeto e de outros que se interligam a partir do trabalho das organizações promotoras da campanha, foram viabilizadas diversas doações de alimentos para cozinhas solidárias e famílias em situação de alta vulnerabilidade social. Muitos destes alimentos foram adquiridos de agricultores agroecologistas integrantes da Rede Ecovida.
Após o almoço preparado pelo grupo de mulheres Flor de Pitanga incluindo diversos produtos da biodiversidade nativa, foram feitos alguns encaminhamentos sobre a organização do núcleo e também foram apresentados novos integrantes que passaram a fazer parte da Rede Ecovida de Agroecologia. Outro ponto importante debatido foi um levantamento e troca de informações sobre os impactos das mudanças do clima na produção agroecológica da região.
Depois de um período de severa estiagem nos últimos anos, as fortes chuvas no último período afetaram drasticamente a produção das famílias do núcleo, principalmente no que se refere a produção de hortaliças. Houve perda de mudas pela falta de sol, apodrecimento de produção devido à chuva e umidade, e perda de solo por erosão, mesmo em ambientes protegidos com cobertura vegetal. Além disso, tivemos famílias com suas estruturas de produção atingidas, como estufas e reservatórios de água.
Também foi relatado que a baixa produção não diz respeito apenas ao último mês, sendo que a grande quantidade de chuvas nos últimos meses acarretou problemas em culturas anuais como feijão e milho, por exemplo, havendo muita perda por dificuldade de manejo e colheita. Muitas redes de comercialização na região de Porto Alegre/RS também sofreram impactos, repercutindo no escoamento da produção. Ademais, foi destacada a necessidade de apoio da sociedade e de políticas públicas governamentais que deem suporte à agricultura familiar agroecológica.