Mudanças Climáticas: a agroecologia é o caminho
Alterações climáticas em diversos ciclos ecológicos, em especial o ciclo do carbono, ou como é popularmente conhecido, o aquecimento global, devem ganhar cada vez mais a nossa atenção. A promoção de um sistema alimentar de base agroecológica, desde a produção, passando pelo processamento, até as dinâmicas de comercialização, mais que uma possibilidade, tornou-se uma necessidade, frente aos desafios globais que vivemos.
O CETAP, ao longo da sua história, tem como elemento central de suas ações no campo produtivo, os temas de manejo ecológico do solo, valorização e uso da sociobiodiversidade e o cuidado dos ecossistemas locais. Para isso, tem buscado promover junto a grupos e famílias agricultoras e extrativistas, diferentes arranjos produtivos, como sistemas agroflorestais, manejo sustentável de áreas de extrativismo, criação animal ao ar livre, conservação e criação de polinizadores (abelhas nativas sem ferrão), produção diversificada de alimentos ecológicos e agricultura urbana.
Semear ideias que melhoram o mundo
“Consumindo alimentos agroecológicos, produzidos na nossa região, incentivamos a recuperação e ampliação da biodiversidade e contribuímos com a preservação do planeta, agindo contra a mudança global do clima”.
É importante destacar a base que fundamenta a agricultura ecológica, que por vezes pode ser entendida ou interpretada de forma simplória, como meramente uma substituição de insumos. A produção agroecológica se conecta com o ciclo da matéria orgânica, que é a fonte de nutrientes, aminoácidos e outros elementos fundamentais para a vida do solo e a nutrição de plantas e animais. Sendo assim, a agricultura ecológica contribui também para a melhoria da qualidade ambiental e a restauração dos ciclos ecológicos, além de ter influência direta na qualidade de vida de agricultores e agricultoras.
Entretanto, quando falamos em atividades agropecuárias baseadas em insumos químicos (como adubos e agrotóxicos), alimentação animal industrializada (como rações), estamos falando de um sistema de produção baseado em uma cadeia produtiva altamente artificializada em todas as suas etapas. Trata-se de um sistema poluente que compromete drasticamente a qualidade ambiental, contaminando a água e, obviamente, tendo um grande impacto nas emissões de CO².
Pensando nessas cadeias produtivas longas e negativamente impactantes ao ambiente, podemos observar alguns poucos exemplos, dentre os milhares que temos, com enfoque no consumo de água, somando os custos em cada etapa da cadeia produtiva, desde a extração de minerais para fertilizantes, produção, industrialização e distribuição:
- 1 kg de carne bovina = 15.400 litros de água
- 1 litro de cerveja = 155 litros de água
- 1 litro de Coca-Cola = 70 litros de água
A partir desses dados, podemos ter uma ideia da quantidade de gás carbônico que uma agricultura de base industrial lança na atmosfera todos os dias.
Diferente deste sistema convencional de produção, processamento e distribuição de alimentos, que existe em escala global, os custos ambientais do sistema alimentar agroecológico são muito menores, em todas as etapas.
Por exemplo, na produção agroecológica não se utilizam adubos químicos e agrotóxicos, produtos que têm na sua matriz o combustível fóssil, um dos grandes responsáveis pela emissão de gás carbônico. Outro exemplo é que partimos do princípio de desenvolver sistemas de produção que não alterem drasticamente o ecossistema local, com isso, reduzimos significativamente o desmatamento e a conversão de outros ambientes.
Ao optar por produzir e consumir produtos agroecológicos, oriundos dos mais diversos arranjos produtivos, estamos contribuindo significativamente com a mitigação nos impactos das mudanças climáticas
Construindo um futuro sustentável
Os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.
Até 2030, um dos objetivos é garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas e que melhorem a qualidade do solo.
Também busca-se manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas e animais, garantindo o acesso e a repartição justa e equitativa dos benefícios da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais.
No trabalho cotidiano do CETAP desenvolvemos ações que colaboram diretamente com 10 dos 17 Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável:
- Erradicação da pobreza – Erradicar a pobreza em todas as formas e em todos os lugares
- Fome zero e agricultura sustentável – Erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável
- Igualdade de gênero – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
- Água potável e saneamento – Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos
- Trabalho decente e crescimento econômico – Promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos
- Redução das desigualdades – Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre países
- Consumo e produção responsáveis – Garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis
- Ação contra a mudança global do clima – Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos
- Vida terrestre – Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade
- Parcerias e meios de implementação – Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
A Campanha sobre a Emergência Climática é desenvolvida pelo CETAP em parceria com a Rede Terra do Futuro (Framtidsjorden). Você pode acessar o panfleto da campanha no link abaixo: